Centro Biguaçu/Santa Catarina/Centro Antônio Carlos/Guiomar de Dentro/Limeira/São Marcos/Casa do Dú/Mata Atlântica/Rachadel/Centro Antônio Carlos/Biguaçu.
Distância: 73km
Média: 18km/h
O restante dos dados não dá pra saber porque, pra variar o SportsTracker me deixou na mão. Mas teve um ganho de altitude enorme.
Vale começar a postagem informando que este foi o pedal mais animal de que já fizemos?
Pois é, e foi mesmo!
Teve de tudo! Tudo mesmo!
Eu já vinha matutando a muito tempo em fazer este pedal. Na segunda-feira passada fizemos um pedal até São Marcos e, no butequinho, conversamos com uns caras de lá e eles nos falaram que atrás daquele morro era o Rachadel. Meu espirito desbravador resolveu encarar o desafio e passar por ali, principalmente quando eles falaram:
-Dá, dá! Mas de bicicleta é ruim.
Então, depois de todas as informações colhidas, resolvi anunciar o pedal no nosso grupo no FaceBook para ver se teríamos muita adesão.
Fiz um texto tentando motivar a raça a participar. Mas imaginei que seria difícil conseguir muitos adeptos, principalmente pelo trecho ser longo.
Disse:
-O Trajeto é longo, iremos em um ritmo leve, mas teremos um trajeto difícil no caminho.
Muita gente confirmou durante a semana e finalmente o dia chegou.
Achei que iríamos em umas 13 ou 14 pessoas. Mas no domingo, pela manhã, apareceram 9:
Frank
Cíntia
Jurandir
Franciny
Wagner
Joninha
Aline
Doze
Dú (Biguaçu)
Ficaram faltando o Fro e o Edinho, que faria sua primeira grande aventura conosco.
A galera conversava:
O dia amanheceu perfeito para uma pedalada, céu nublado, temperatura agradável, sem vento...
Passamos rapidinho a rodovia SC e entramos em Santa Catarina. E aí fizemos a tradicional paradinha sobre na ponte sobre o Rio Biguaçu

No caminho encontramos estes dois pedaladores da Forquilhinha, Joel e Tiago.
Dois jovens gente boa. Estavam perdidos procurando por Três Riachos. Conversamos um pouco e convidamos para nos acompanhar. Eles já tinha pedalado 25km a mais que a gente. Falei que o trajeto era longo e mesmo assim os dois resolveram nos acompanhar.
Pneu furado. Pra começar bem o dia.
Se bem que se fosse com ela, quem teria de trocar o pneus seria eu.
Um pedacinho de arame!
Tudo arrumado e vamos embora.
Aí resolvi fazer a sessão de fotos "um-por-um".
Nisso a Franciny reclamou:
-Ei, que que tu fica tirando foto de mim? Folgado!
-Eu tava tirando foto do Dú. É que estou tirando foto "um-por-um".
Aí, pedalei mais forte para encontrar o Jurandir e fazer a foto dele:
A Franciny, lá de trás, gritou:
-Tá e a minha? Não vax tirá??
Vai entender essas mulheres...
Aqui a Cíntia com seu aparelho sorridente:
Quando o Doze viu que iríamos por dentro ele reclamou:
-Nós vamos por aqui, cara? Tem muito morro!
Como a Thuanny não estava presente, o Doze assumiu bem a função e foi reclamando o tempo todo de alguma coisa.
Mas como ele mesmo disse que fica mal humorado quando fica cansado, ninguém deu muita bola e seguimos pedalando.
Finalmente chegamos no Centro de Antônio Carlos e mais uma vez passamos sobre o Rio Biguaçu. Olha a galera lá em cima.

Percebeu como eu fiquei para trás? Com a bombinha não consegui encher muito o pneu, que deixou a bike pesada.
A Aline (de laranja) viu eu tirando a foto e acenou.
No posto fizemos nossa primeira parada. Uns 15min. Tomamos águas, energético, isotônicos, calibramos os pneus, passamos protetor, batemos papo...

E Franciny já disparou:
-Aí gente! Tá indo muito rápido! Assim não é passeio.
Na Limeira, o Joel nos chamou a atenção:
Realmente!
Aqui todos sorridentes para a foto e o Joninha:
A pereira estava carregada de peras. Não poderia ser diferente! E a galera atacou!
Olha o Doze secando a minha pera!

Chegou todo mundo.... todo mundo comeu pera, descansou, o Doze reclamou de mais umas 30 coisas...
Chegou todo mundo.... todo mundo comeu pera, descansou, o Doze reclamou de mais umas 30 coisas...
Se você conferir na postagem do Pedal #14, perceberão que tentamos fazer a foto no último ponto de ônibus da cidade! Mas era muito morro e fizemos do "penúltimo".
Então, como estávamos indo para a casa do Dú, subimos o morro e paramos para tirar uma foto oficial no verdadeiro último ponto de ônibus do município.
Aí está todo mundo procurando uma sombrinha:
Aí chegou o Jurandir empurrando a Franciny morro a cima! Isso que é amor!
Subindo mais um pouco mais, percebemos que aquele, da foto, não era o último ponto de ônibus!
Mas o calor era tanto que nem me empolguei em chamar a raça pra tirar uma foto, então vai sem a gente mesmo! E este é, realmente, o último ponto de ônibus!

Chegamos na casa do Dú! Enquanto eu arrumava a Bike, escutei um barulho na cachoeira:
Era o Wagner se refrescando!
Enquanto nos refrescávamos na cachoeira e nos divertíamos com os frutos do urucueiro, apareceu um tiozinho com um facão na mão e contando história.

Entre as pérolas, a melhor foi a do Leão caçado ali próximo.
O Dú preparava o nosso rango e a Luiza vocês sabem...
A Luiza(esposa do Dú) ficou em Biguaçu.
Fala a verdade! Achou que era a Luiza do Canadá, não achou?
A tribo da Bike pintada de urucum!
Depois de todo mundo ficar parecendo um palhaço veio a pergunta que deixou todos apavorados:
-Isso aqui sai fácil?
O rango ficou pronto e o Dú já avisou:
-Cada um lava o seu prato!
O Dú, a Franciny e o Jurandir resolveram nos abandonar e voltar para Biguaçu. Ficamos em 8 e o Doze reclamou, claro.
Foi difícil achar o caminho certo. Passei no buteco e um cara, com cara de índio me disse:
-Pó fica tranquilo!
-E não tem bifurcação? É fácil?
-Vax passá em dois pasto! No segundo tu passa o engenho e pega as dereita e segue reto toda vida até lá embaixo no Rachadel.
Essa explicação não poderia me deixar mais tranquilo.
Eu disse que ele deveria aproveitar e voltar com o pessoal que estava indo embora, pois eles ainda estavam bem perto.
Aí, ele não falou mais nada e, de birra, continuou!
O Morro era muito forte!
Pouco depois, já fizemos uma paradinha na sombra. E já estávamos alto.
Todos queriam bater uma foto na frente da casa, mas para pegar todo mundo, eu teria de subir em um barranco... Aí não, né!?

Esse ponto da casa foi o último de descontração até o topo do morro! A partir deste ponto descobri o porque tem uma Assessoria Esportiva chamada IRONMIND (Mente de Ferro). A partir deste ponto não sentia mais os músculos do meu corpo. O que atrapalhava era a própria mente, a mente estava cansada com possíveis conflitos dentro do grupo. Era uma espécie de BigBrother extremo. Três já haviam pedido para sair e um estava quase sendo eliminado.
Deixei o pessoal ir na frente para tirar uma foto com todos empurrando sua bike.
Depois dessa foto eu escutava:
-Não dá mais! Não dá mais! Não dá mais!(50x)
-Calma, pô! Vamos dar uma parada na sombra, tu descansa toma uma aguinha gelada e te recupera. Já estamos quase chegando.
Nosso apoio funcionou, mas por pouco tempo! Tinha uma porteira com muitos bois que ficaram alvoraçados com a nossa presença. Estudamos as possibilidade, conversamos e decidimos passar a propriedade todos unidos. Tudo definido, peguei meu ganho para espantar uma possível aproximação, abrimos a porteira.
Quando metade do grupo já estava no meio dos bois o Doze anuncia sua desistência do Reality Show! Foi a pior decisão que ele tomou em todas as pedaladas! Não por desistir, mas pelo momento!
Metade do pessoal estava no meio do terreno, outra metade na porteira (aberta), o Doze voltando, todos com medo de ser atacado, os bois se aproximando, a galera tentando convencê-lo de ficar, o Sol fervendo na lata..... e o Doze foi embora!
Fechamos a porteira rapidamente e fomos. No meio da passagem o Wagner e os da frente ensaiaram uma correria e eu, que estava por último, consegui consegui contê-los gritando feito um doido! Foi tenso!
Sempre quando achávamos que estava chegando o topo, tinha mais morro! Não sei de onde vinha tanta subida! Tinha certeza que daquele jeito chegaríamos logo ao céu! Ou caminhando ou morrendo no caminho.

Você mal consegue ver a Aline na foto. Tinham muitas árvores caídas e nos vimos no meio de uma mata atlântica praticamente nativa!
Foi aí que bateu o desespero da Cíntia. Começou a ficar nervosa e foi mais uma tensão!
Mais à frente finalmente achamos outro caminho aberto. A Cíntia ficou mais calma, mas foram cerca de 1,5km de muito:
-Meu Deus! É muito mato!
-Isso não é caminho, é mato!
-Meu Deus! Aqui é cheio de cobras! Devem ter umas 10 cobras enroladas na minha perna!
Mas quanto mais adentrávamos na mata, mais lugares lindos encontrávamos:
A Aline mencionou:
-Não me lembro de ter suado tanto em toda minha vida!
-Então tá! Vamos dar uma paradinha!
Mas logo à frente, o Wagner, que era o primeiro do grupo parou a bike.
Olhou pra mim sem falar nada, e sem esboçar reação alguma.
Parei a bike, olhei pros lados, olhei pra ele e dei aquele sorrisinho: "Brincadeira, né?"
A trilha havia acabado e havia uma picada à direita. Logo pensei na gritaria que a Cíntia fez no meio do mato anterior.
Naquele momento foi a primeira vez que me veio o pensamento de abortar a missão e o sentimento de fracasso.
Eu, a Aline e o Wagner resolvemos adentrar à picada e ver se tinha algo do outro lado. Largamos as bikes e o restante da turma ficou esperando.
Ao entrar na picada já avistamos uma colmeia e o Joel para nos deixar mais tranquilos, informou:
-Óh! Eu trabalho com abelhas! É perigoso aqui no meio do mato!
Então tá...
Fomos pela picada e meu instinto dizia que tinha algo ali por perto. Não sei exatamente o que era. A Aline concordou. Mais na frente vimos uma cachoeirinha e sinais que havia alguém por ali. Tinham plantas que não eram nativas, pareciam ter sido plantadas a pouco tempo. Foi aí que eu encontrei uma pegada de alguém com tênis. Estava achando que iria encontrar uma tribo de neandertais usuários de tênis Nike, mas não encontramos nada além das pegadas...
O Wagner procurava alguma árvore para subir e tentar achar algo. Mas nossa visão, no meio da mata fechada era muito curta, talvez uns 10 metros.
Foi muito triste, mas tivemos que tomar a decisão correta: Voltar. Era injusto. Caminhamos duas horas no meio do mato pra nada?
Não dá pra ver uma picada ali? Mas é ali mesmo!
Na volta encontramos uma bifurcação, que não encontramos na ida.
Alguns ficaram nervoso:
-É por aqui mesmo?
-E agora? Viemos por cima ou por baixo?
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Lembrei do diálogo que tive com o cara com cara de índio lá embaixo:
-Póó fica tranquilo, querido!
-Não tem bifurcação, é só reta!
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Estou procurando até agora os "dois pasto, o engenho e 'pega às dereita'"
Na bifurcação eu tinha certeza que viemos por baixo. Mas a estrada de cima olhou pra mim e disse:
-É pro Rachadel? Então é por aqui mesmo! Vem... Vem...
Andamos, andamos e a estrada foi melhorando.
O Wagner, que é agrônomo, ficou nos explicando todas as espécies de plantas e quando viu está árvore ficou encantado:
-Tira uma foto aqui!
E quando vimos uma brecha no meio das árvores vimos que tínhamos subido muito! Muito mesmo!

Aí as árvores acabaram e vimos que chegamos no topo! O visual era demais. A alegria contagiou o grupo e ai eu prometi que nunca mais iria chamar os caras que escalam o Monte Everest de malucos. Chegar lá, em cima, é muito bom. Sensação de conquista e de dever cumprido. Foi muito bom. Principalmente porque, sinceramente, achei que teríamos que voltar. E pra melhorar avistamos uma casa no topo.
Aí as árvores acabaram e vimos que chegamos no topo! O visual era demais. A alegria contagiou o grupo e ai eu prometi que nunca mais iria chamar os caras que escalam o Monte Everest de malucos. Chegar lá, em cima, é muito bom. Sensação de conquista e de dever cumprido. Foi muito bom. Principalmente porque, sinceramente, achei que teríamos que voltar. E pra melhorar avistamos uma casa no topo.
Aqui da pra ver a cadeia de montanhas que separam Biguaçu e Antônio Carlos. É um lugar com visual alucinante.
De dentro desta casa, saiu uma senhora chamada Maria, que em um português chucrutz, nos deu a certeza que estávamos em terras Antônio "Charlences".
O Wagner ficou tão contente com a notícia da Senhora que a apelidou de "Santa Mãe Maria" e iniciamos a descida com ele cantarolando:
-Santa Mãe Maria, nessa travessia, cubra-nos teu maaaaanto cor de anil....
E vamos descendo. Cada curva era uma bela paisagem!
Ele perdeu de conhecer a terra onde é Rei...
A Cíntia não fez Downhill com o restante da turma porque, segunda ela, seu cérebro estava descolando do crânio.

E aí chegamos no asfalto. Para minha surpresa a raça queria ir pro lado errado.
-É por aqui, né Frank?
-Vocês estão falando sério?
-Não é por aqui?
-Claro que não!
-Tu acha que é por aí ou tu viu no GPS?
-Eu vi no GPS!
Nem vi no GPS, mas falei que vi para eles ficarem mais tranquilos. Depois deu um pouquinho de medo: "Será que eles estão certos? Estranho só eu achar que é por aqui?" Mas confiei nos meus instintos e eu realmente estava certo. Essa do GPS eu fiz várias vezes no meio do mato, valeu a pena, pois se eu falasse que o GPS tinha parado de funcionar eles iriam ficar desesperados e iriam querem voltar!
Está vendo esta casa? Pois é! A foto não é da casa! É do morro que conquistamos! Grande, né?
Mais uma vez o Rio Biguaçu. Eu não tenho certeza se realmente é o Rio Biguaçu, o Wagner me garantiu que era!

Pedalamos e no fim.... Mais um pneu furado. Agora o do Tiago!
Paramos em frente à esta residência para consertar. Nisso apareceu o dono da propriedade, o Seu Silvério, um senhor de 76 anos.
-De onde vocês vêm? Pra onde vocês vão?
-Eu corro mais rápido que vocês são.
-Eu já servi o exército!
-Eu conheço todas as capitais do Brasil.
-Quando eu era novo eu pedalava muito.
O Seu Silvério também nos informou que naquele lugar onde eu achei que tinha gente próximo, mora um senhor de 80 anos. Ele mora sozinho lá. Fiquei triste de saber que não eram os neandertais!
Pneu colocado e tocamos embora. O Seu Silvério grita de longe:
-Boa viagem, turma! E tu, galego, vai devagar senão não vai subir o Morro da Forquilha, desgraçado!
Ali, os nossos novos amigos ainda tinha muito pedal pela frente e resolveram ir antes para não chegar muito tarde.
Ficamos em 5.
Frank/Cíntia/Aline/Wagner/Joninha
O Sorvete foi tão revigorante que levamos menos de 30min chegamos em Biguaçu, viemos muito bem para quem já tinha pedalado o dia inteiro.
Espero que vocês tenham gostado...
Abraços e até a próxima!